Porque criar um tutorial de instalação do Ubuntu? Uma instalação customizada é simples de ser feita pela interface gráfica do Ubuntu! Minha intenção principal em documentar os passos da instalação é identificar alguns pontos importantes que poderiam ser considerados para se obter uma boa configuração, além de enfatizar termos utilizados pelo Linux no dia a dia do administrador.
Hardware do micro
A instalação foi realizada num micro com processador Intel Dual Core 2.20 GHz E2200, com 2 GB de RAM e 160 GB de disco rígido SATA. Vale ressaltar que esta instalação pode ser feita em qualquer micro, razoavelmente atual.
Porque o Ubuntu?
O sistema operacional Linux é um excelente sistema. Dentre várias vantagens, em relação à estabilidade, alternativas variadas na distribuição, temos certos tipos de serviços – como HTTP, por exemplo – que são fornecidos por ele com melhor desempenho. O fato de se escolher o Ubuntu são dois: tenho preferência nos sistemas baseados no Debian e o Ubuntu se mostrou, ao longo de sua história, um excelente sistema tanto para Desktop, como para Servidor.
Qual é o objetivo deste estudo?
Fornecer uma referência simples e prática da instalação do Ubuntu Desktop 8.10 num micro desktop (hardware de desktop), com o objetivo de fornecer serviços comuns a um setor de desenvolvimento – tais como CVS, um container J2EE, um SGBD e compartilhamentos de diretórios gerais no Samba.
O estudo será conduzido em passos, para facilitar o acompanhamento por parte do leitor.
Passo 1 – Preparação do Micro
Em primeiro momento, você precisa separar uma partição livre no Disco Rígido para proceder com a instalação ou, preferencialmente, para seguir rigorosamente este material, dedicar um único disco para isso. Conforme descrito no tópico Hardware do micro, estou realizando a instalação do disco com 160 GB livres.
Você precisa configurar o SETUP do micro para realizar o processo de BOOT pelo CD-ROM – geralmente ele está configurado para iniciar pelo HD. Não vou entrar no mérito desta configuração, pois esta varia de acordo com a placa-mãe do micro. Em geral estas configurações podem ser acessadas pressionando a tecla DEL logo que o computador é iniciado.
Após a configuração, inicie o computador com o CD do Ubuntu Desktop 8.10 no Drive de CR-ROM e a instalação será iniciada.
Passo 2 – Selecionando a Linguagem
A primeira tela fornecida pelo processo de instalação é a tela Language. Nela serão definidas a língua corrente para proceder com a instalação e a língua corrente do sistema. Selecione a opção Português do Brasil e pressione ENTER.
Passo 3 – Menu de instalação
Agora, conforme previsto, a instalação será conduzida no idioma português. Na próxima tela, você poderá optar entre as seguintes opções:
1. Testar o Ubuntu sem qualquer mudança no seu computador
2. Instalar o Ubuntu
3. Verificar o CD por defeitos
4. Teste de memória
5. Iniciar pelo primeiro disco rígido
Você pode ainda selecionar opções alternativas através do botão F4. Apenas por entendimento, a primeira opção rodará o Ubuntu da forma Live (sem instalar no disco). A segunda opção dispensa comentários. A terceira realizará um teste no CD com intuito de verificar se ele contém erros que poderiam inviabilizar a instalação do sistema. A quarta executa um teste na RAM do micro e a quinta opção inicia o computador pelo HD.
Selecione a opção 2, Instalar o Ubuntu, e pressione ENTER.
Passo 4 – Iniciando a instalação
A próxima tela mostra uma mensagem de boas-vindas. O idioma Português do Brasil já estará selecionado. Apenas clique em Avançar.
Passo 5 – Selecione a Localidade
Nesta tela você deverá selecionar a Localidade e fuso horário de acordo com sua região. Fica a cargo de o leitor selecionar a opção que melhor lhe atende. Neste estudo, selecionei o Fuso horário de São Paulo.
Depois de selecionado o fuso horário, clique em Avançar.
Passo 6 – Selecione o Layout de teclado
Geralmente, o processo de instalação já reconhece o teclado do computador. Para testar tal configuração, utilize a caixa de texto na parte inferior da janela, digitando caracteres brasileiros típicos como: à, á, ü e ç. Efetue os testes que achar conveniente e selecione o layout apropriado. Em meu caso, a configuração default foi mantida.
Após a seleção, clique em Avançar.
Passo 7 – Particionamento e Formatação do Disco Rígido
Esta é, na minha concepção, a parte mais importante na instalação do sistema. Por quê? A quantidade de espaço em disco destinada nas partições que serão criadas depende exclusivamente do objetivo no qual estamos realizado a instalação. Em micros caseiros, com editores de texto, plugins de vídeo/som, aplicativos como Skype, etc, a instalação é diferente de micros servidores de recursos numa rede.
Em nosso caso, como foi enfatizado no tópico “Qual é o objetivo deste estudo?”, o sistema deverá prover serviços para um ambiente de desenvolvimento. Por conseqüência, optei em partições básicas do sistema, um alto espaço para SWAP e partições onde serão armazenados os arquivos gerais (dos diretórios compartilhados) e para backup. Essa configuração pode ser visualizada através da tabela abaixo:
Partição
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File system
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Espaço
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Utilidade
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/
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ReiserFS
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10 GB
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O diretório / contém o sistema. Em alguns casos é possível definir um tamanho de 512 MB para essa partição. Como esse micro poderá também conter componentes e aplicativos de interface gráfica, optei em deixar mais espaço.
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/boot
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ReiserFS
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1 GB
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O diretório /boot contém os arquivos de BOOT do Linux e o kernel utilizado. Em geral, até 64 MB são suficientes.
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/opt
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ReiserFS
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10 GB
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Optei em deixar uma partição separada para o /opt sabendo que algumas aplicações serão instaladas diretamente nele (Java, por exemplo). O diretório /opt é utilizado para instalar aplicações terceiras – não integradas por default no Linux.
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SWAP
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Swap
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2 GB
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Em geral, configuramos o dobro de memória RAM para a partição SWAP, porém, como nosso micro possui 2 GB de RAM, 4 GB de SWAP é desnecessário. 2 GB de SWAP é suficiente para nosso caso. Vale ressaltar que algumas aplicações necessitam de no mínimo 1024 MB de SWAP – como o Oracle 10g.
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/mnt/arquivos
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ReiserFS
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68 GB
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Nesta partição serão guardados todos os arquivos no servidor. Em nosso caso, será, inclusive, o diretório compartilhado no Samba. Observe que ele fica dentro de /mnt, que é um diretório padrão para pontos de montagem.
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/mnt/backup
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ReiserFS
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68 GB
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Obviamente, esta partição será o backup dos arquivos armazenados em /mnt/arquivos. Este também está definido em /mnt.
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Alguns detalhes importantes que podem ser ressaltados são:
Pontos de Montagem: um ponto de montagem é um diretório no qual uma partição é montada. Uma exigência para se montar uma partição num diretório é que o mesmo esteja vazio. Para montar partições dinamicamente podemos utilizar o comando mount. A montagem estática pode ser realizada pelo arquivo /etc/fstab – por estática, entende-se que ela permanecerá após o BOOT.
Sistema de arquivos ReiserFS: Numa formatação do sistema Linux, em geral, optamos entre dois sistemas de arquivos: Ext3 e ReiserFS. Escolher entre ReiserFS e Ext3 é uma questão difícil – na maioria das vezes termina como uma discussão sobre religião ou futebol, ninguém sai ganhando.
Vou apenas levantar alguns detalhes interessantes do ReiserFS em relação ao Ext3: Ele foi o primeiro a implementar o sistema de Journaling que, através de um LOG das mudanças nos sistema de arquivos, contribui para a não corrupção dos dados no caso de falhas e queda de energia (vale ressaltar que o Ext3 também o implementa). O acesso à arvore de diretórios é um pouco mais rápida, se comparada com o Ext3. Ele também utiliza alocação dos inodes (como se fosse meta dados para os arquivos no Linux) dinamicamente, fazendo com que o sistema de arquivo aloque o tamanho exato que o arquivo precisa – diferente do meio do Ext3, que utiliza inodes fixos, e consequentemente utiliza tamanho de blocos. Uma desvantagem centra-se na grande utilização do processador: em geral ele utiliza no mínimo 7% da CPU e, às vezes, precisa de muito poder de processamento para grandes demandas. Nosso objetivo aqui é zelar pela confiabilidade, um atributo emergente da confiança, onde se espera que o sistema funcione de acordo com a especificação. Vale ressaltar que esse servidor não será usado na produção. Será apenas um micro de testes para o ambiente de desenvolvimento – caso contrário, certamente os quesitos de disponibilidade, proteção e segurança também seriam considerados.
Apenas ressaltando a utilização dos 2GB de SWAP, em alguns casos, é interessante definir no mínimo 1024MB para o processo de swapping – como os casos onde um banco Oracle 10g roda no micro. Em nosso caso, como teremos um bancos de dados (como o Postgres ou o MySQL) e um container J2EE (como o Tomcat ou o Glassfish), 2 GB para SWAP é relevante.
Obs.: O Apache Tomcat não é um Container J2EE completo.
Voltando ao foco, na próxima tela, iremos definir a forma de particionamento do disco. Selecione a opção Manual e clique em Avançar.
Supondo que o disco esteja limpo (sem partições e sistemas operacionais), proceda da seguinte maneira:
1. Criando a partição /mnt/arquivos
1. Clique sobre o item espaço livre no disco /dev/sda
2. Clique no botão Nova partição
3. Em Tipo da nova partição, selecione a opção Primária
4. Em Novo tamanho da partição em megabytes, entre com o valor 68000
5. Em Localização para a nova partição, marque Início
6. Em Usar como, selecione sistema de arquivos com journaling ReiserFS
7. Por fim, em Ponto de montagem, escreva (não existe essa opção definida por default) /mnt/arquivos
8. Clique em OK
2. Criando a partição /mnt/backup
1. Clique sobre o item espaço livre no disco /dev/sda
2. Clique no botão Nova partição
3. Em Tipo da nova partição, selecione a opção Primária
4. Em Novo tamanho da partição em megabytes, entre com o valor 68000
5. Em Localização para a nova partição, marque Início
6. Em Usar como, selecione sistema de arquivos com journaling ReiserFS
7. Em Ponto de montagem, escreva /mnt/backup
8. Clique em OK
3. Criando a partição / (barra)
1. Clique sobre o item espaço livre no disco /dev/sda
2. Clique no botão Nova partição
3. Em Tipo da nova partição, selecione a opção Lógica
4. Em Novo tamanho da partição em megabytes, entre com o valor 10000
5. Em Localização para a nova partição, marque Início
6. Em Usar como, selecione sistema de arquivos com journaling ReiserFS
7. Em Ponto de montagem, selecione /
8. Clique em OK
4. Criando a partição /boot
1. Clique sobre o item espaço livre no disco /dev/sda
2. Clique no botão Nova partição
3. Em Tipo da nova partição, selecione a opção Lógica
4. Em Novo tamanho da partição em megabytes, entre com 1000
5. Em Localização para a nova partição, marque Início
6. Em Usar como, selecione sistema de arquivos com journaling ReiserFS
7. Em Ponto de montagem, selecione /boot
8. Clique em OK
5. Criando a partição SWAP
1. Clique sobre o item espaço livre no disco /dev/sda
2. Clique no botão Nova partição
3. Em Tipo da nova partição, selecione a opção Lógica
4. Em Novo tamanho da partição em megabytes, entre com 2048
5. Em Localização para a nova partição, marque Início
6. Em Usar como, selecione área de troca (swap)
7. Clique em OK
6. Criando a partição /opt
1. Clique sobre o item espaço livre no disco /dev/sda
2. Clique no botão Nova partição
3. Em Tipo da nova partição, selecione a opção Lógica
4. Em Novo tamanho da partição em megabytes, deixe o valor máximo encontrado – no meu caso, 10988
5. Em Localização para a nova partição, marque Início
6. Em Usar como, selecione sistema de arquivos com journaling ReiserFS
7. Em Ponto de montagem, selecione /opt
8. Clique em OK
Terminado esse processo, clique em Avançar.
Passo 8 – Dados do sistema
Na próxima tela você definirá os dados de acesso ao sistema. Em “Qual o seu nome?” entre com o nome do usuário. Em “Que nome você deseja usar para entrar no sistema?” você indicará o login do usuário. Defina e confirme a senha deste usuário. Por fim, em “Qual é o nome deste computador?” entre com o nome do micro na rede. Clique em Avançar.
Passo 9 – Confirmação dos dados
Na próxima tela você poderá confirmar os dados selecionados. Estando tudo em ordem, clique em Instalar.
Aguarde a instalação.
Passo 10 – Reiniciar o computador
Por fim, após a instalação, clique em Reiniciar agora. Lembre-se de tirar o CD do Ubuntu Drive.
A instalação está concluída.
Conclusões e configurações pós-instalação
Certamente, um usuário, mesmo que leigo, seria capaz de realizar a instalação do sistema Ubuntu sem a ajuda deste tutorial. Porém, como uma referência simples e documentação do conhecimento, acredito que a construção deste estudo foi válida.
Vale ressaltar que existem muitas configurações que devem ser feitas no sistema, tais como, rede, firewall, serviços, usuários, etc. Em outros documentos específicos (também disponibilizados neste site), encontraremos estudos para a configuração dos itens complementares a esta instalação.
Referências
Obrigado pela leitura.
"Você pode encontrar as coisas que perdeu, mas nunca as que abandonou." Gandalf
Guilherme Pontes
"Você pode encontrar as coisas que perdeu, mas nunca as que abandonou." Gandalf
Guilherme Pontes
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